quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Gabriel Garcia Márquez vai entrar para o BOPE!


Ontem assisti pela segunda vez ¨Tropa de Elite¨. Como qualquer brasileira que se preze, saí mais uma vez declarando meu amor pelo Capitão Nascimento aos quatro ventos e quase tatuando o conhecido símbolo da caveira do batalhão das forças especiais na testa. Obviamente com a intensidade que me vem de natureza, meus sonhos já me levaram a pegar o primeiro avião de volta ao Brasil, ingressar nas forças armadas, lutar pela independência do Brasil perante os Estados Unidos, me atar a uma árvore na Amazônia ou, se me servir de algo, simplesmente sair gritando em praça pública toda a opinião engasgada e idealista que me saem pelas orelhas.
- Respira Carol, o Xavier não tem culpa de ter nascido em um povoado lindo e perfeito no interior da Catalunha e de não ter a menor idéia de que vem a ser toda essa confusão que ele acaba de assistir.
Depois de abortar o jantar com o querido e ¨empanado¨ amigo, fui terminar meu surto psicótico em casa, porque as paredes do meu quarto me entendem muito bem.
Antes de tudo: abrir o e-mail. Vai que recebi uma carta do Presidente da República dizendo que sim, que ele ouviu minhas preces vindas do além e vai me mandar para uma operação secreta onde quer que ele queira.
Mas o que encontrei no meu correio foi outra coisa. Uma matéria de uma jornalista venezuelana (essa sim, da turma do ¨gente que faz, sábado, antes do Jornal Nacional¨) contando sobre umas declarações feitas por Gabriel Garcia Márquez no seminário internacional sobre a busca da qualidade jornalística atual, assistida por centenas de comunicadores da América Latina, Europa e Estados Unidos. Um dos meus mestres confessou que ¨sofria como um cão¨ pela má qualidade do jornalismo escrito nos dias de hoje. ¨Todas as manhas quando me desperto é uma decepção atrás da outra. Leio vários jornais e vejo que nossos profissionais não têm tempo de pensar antes de escrever uma matéria. São muito poucas as reportagens e notas publicadas que eu destacaria como verdadeiras jóias, isso é uma tristeza¨. E tem como não concordar com o mestre, minha gente?
Nos dias de hoje, onde tudo acontece praticamente na velocidade da luz, fazer uma matéria criativa usando o talento que, de acordo com Garcia Márquez, ¨vem da alma de um escritor¨, é uma tarefa muito difícil, mesmo para os mais originais e ousados. O tempo é curto e a pressão para a produção de algo diferenciado fica em segundo plano.
- É querido mestre, tempo é dinheiro e este último anda escasso por aqui. Quem não faz uma matéria em 5 minutos, é substituído por alguém que faça em 3 com o pé nas costas e chupando manga, mesmo que isso resulte em um texto tipográfico com algumas ¨pequenas¨ faltas de ortografia.
Me senti como o Neto e o Matias do longa-metragem de Padilla. Com vontade de mudar, de fazer diferença na vida das pessoas, de contar a verdade e fazer o povo entender como funciona o sistema. Ou de onde vocês pensam que nascem muitos jornalista senão do sonho ilusório de salvar o mundo?
Tive um professor na Universidade que dizia que os jornalistas de alma são aqueles que acreditam que vão construir um mundo melhor em cima da verdade. ¨O problema é que muitos deles se esquecem disso depois de serem tragados pelo mercado¨.
Isso não é uma apologia em contra aos meios de comunicação atuais, pelo contrário! Eu, como convicta sonhadora de um mundo perfeito e cor-de-rosa, adoro ler o Estadão, a Folha e o El País. Adoro Rede Globo, Cultura e Televisão Espanhola. Mas sim, sou a favor de fazer um trabalho com amor, de qualidade e que valha a pena.
Jornalistas do meu Brasil! (e me incluo nessa turma). Não deixem seus leitores ou sua audiência perderem tempo, façam entretenimento de qualidade, ajudem as pessoas a se divertirem sem pisar em todo o nosso brio e vergonha na cara.
- Mestre, sabe de uma coisa? Vem comigo para o batalhão do BOPE, você não vai se arrepender.

Um comentário:

Flor de raposa disse...

olha eu to morrendo de rir... isso é tããããõ ANA CAROLINA.
Volta vai? Eu juro que vou me dependurar em árvores com vc.